sábado, junho 26, 2010

Uma carta para minha mãe:

Oi mamãe.

Eu escrevo esta carta para te dizer que sou uma pessoa comum. Eu sei que toda mãe pensa que o filho é diferente e especial, mas eu sou só um ser humano padrão.

Tenho qualidades, sim, as quais algumas pessoas reconhecem, tenho defeitos que são fáceis de ver, mas também tenho outros defeitos que só se manifestam em situações adversas.

Eu sofri uma grande decepção mãe, uma que causou uma dor terrível. Eu me dediquei e me importei com alguém que considerei especial. Fiz o melhor que eu pude pra ser uma boa companhia, alguns sacrifícios até, mas no final, tudo que consegui foi ser chamada de “grande erro”, de “mais ou menos” e saber que nunca signifiquei nada e não fui capaz de despertar nenhum sentimento a mais além de pena. Isso foi o que doeu mais. E se não bastasse, mãe, tudo isso ainda foi na véspera do meu aniversário.

O mundo, de fato, não é um lugar justo.

Agora, passado algum tempo, eu consegui superar algumas coisas, entender outras e aplacar uma raiva destruidora e horrenda como nunca havia sentido na vida. Mas como eu disse mãe, eu sou só um ser humano padrão. Algumas coisas ainda estão erradas.

Eu tento, mas ainda não consigo ver a alegria alheia e ficar 100% feliz. Alguma coisa na minha mente reage de forma extrema toda a vez que vejo como ele passou por cima de meses compartilhados e de mim mesma, como se fosse alguma sujeira jogada na rua. Fico um pouco decepcionada com os amigos próximos por parecerem indiferentes, espantada com os antigos que fazem contato parecendo adivinhar e desconfiada com os novos, por parecerem tão confiantes. Sinto-me suja e má toda vez que penso coisas ruins a este respeito, mas o que fazer agora senão continuar seguindo até que em algum momento este sentimento suma? Eu tento, mas eu sou humana...

E qual humano padrão conseguiria superar uma decepção tão grande em tão pouco tempo?

O fato é que agora eu não sinto mais aquela raiva incontrolável, e nem sinto falta dele, sobremaneira. Sinto a decepção, sinto uma dor lá no fundo do peito, que arde e me dá nós na garganta cada vez que reparo como a vida simplesmente segue indiferente as minhas mágoas. Eu tenho vontade às vezes de brigar com o mundo todo pra que ele pare, sofra, chore comigo, que não me ignore, porque eu já fui muito ignorada. Mas a vida continua independente do que eu sinta. O mundo não para pra que a gente cuide das feridas, ele segue e nós continuamos, mancando por um tempo, mas não para sempre, afinal.

Então mamãe, espero que quando a gente se vir, aqui ou em casa, eu possa só colocar a cabeça no teu colo, e você diga pra mim, do jeito que só uma mãe sabe fazer: Calma minha filha. Isso vai passar, e vai ficar tudo bem.

Obrigada mãezinha, por tudo.

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