terça-feira, setembro 22, 2009

Amigo de olhos sinceros.


Há tempos atrás, quando ainda estudava na Faccat, de Taquara, eu escrevi um texto sobre um grande amigo que tive quando mais jovem. Foi um dos amigos mais importantes e transformadores que tive na vida, e por ele ter partido mais cedo do que eu esperava, e de forma tão triste, decidi escrever um dos meus textos para a aula de Redação (que tinha com a querida Professora Eveli ^^), sobre o meu querido amigo. Espero que eu tenha conseguido passar, através das palavras desse texto, um pouco da importância que ele teve em minha vida!

AMIGO FLOCO

Há tempos atrás, eu tive uma gata. Seu nome era Miss Kissy. Ela era uma gata comum, afinal era preta e branca, mas nem tão comum, pois tinha uma pinta na bochecha, como a Cyndi Crawford, e um coração bem nítido na pata esquerda, além da pontinha do rabo ser branca. Miss Kissy era uma gata meio do mato, arisca e desconfiada, só vinha quando eu chamava, só comia na minha mão, só deixava eu acariciar. Eu a amava, amava pela confiança que ela tinha só em mim, que ela expressava tão bem com aqueles imensos olhos amarelos, pela maneira como ela vivia, livre e indomável e pela maneira como me tocava, toda dengosa e amável, apenas comigo, me fazendo sentir única no mundo.
Mas, toda história tem seu porém, o porém desta era meu pai. Ele nunca gostou de gatas, "‑ Estas malditas parideiras!", ele dizia. De acordo com ele, ela ia ficar até aprontar. Não demorou muito ela aprontou. Com oito meses ela participou de uma "farra dos gatos", uns sessenta dias depois ela ficou meio sumida, reaparecendo em uma semana, magra e abatida. A gente sabia que ela tinha filhotes am algum lugar no mato. Agora meu pai vivia repetindo, "‑ Ela vai embora assim que desmamar as crias!". Aquilo era uma tortura pra mim, a minha gata era tudo, eu era uma criança muito solitária e Miss Kissy era minha parceira, minha confidente e amiga, e meu pai ia levá‑la embora!
Era inevitável, quando o meu pai decidia algo, não tinha volta, então eu fiz a única coisa que podia, encontrei os filhotes! Não foi difícil, a gata me deixou segui-la tranqüilamente pelo mato até o ninho. E lá estavam eles! Dois gatinhos escuros, marcados como gatos do mato e com algumas manchas brancas, em homenagem a mãe! Passei algumas horas lá com eles, os observando. Eles tinham cerca de quinze dias, já com os olhos bem abertos, e muito desconfiados. Um tinha o pêlo mais alaranjado, sob as listras escura de gato mateiro e quase não tinha partes brancas, era o mais barulhento, se afastado da mãe, miava muito forte até se ver livre, além de ser o maior dos dois e o que mais caminhava, o chamei de Titã. Mas não foi este, grande, forte e alaranjado que me chamou a atenção, foi o miúdo, miúdo como era Miss Kissy quando apareceu. Seu pelo era cinzento sob as listras e ele tinha mais branco, não miava quase nada e era mais confiante. Mas não foi nada disto que me atraiu nele. Na verdade foi o anel branco que ele tinha na ponta do rabo, lembrança da mãe, e aquele olhar, ah, aquele olhar de amor e confiança, igual ao da minha Miss, e aquele jeito estranho de dormir, com as quatro patas esparramadas, ficando fino como um floco de milho, aquele, enfim, era o Floco!
O tempo passou, os gatinhos haviam completado dois meses e meu pai cumpriu sua promessa, levou minha companheirinha embora! Ainda me lembro de quando a chamei, como sempre, para comer no seu pratinho de manhã, e como ela veio ligeira na minha direção. Então eu a traí, peguei-a no colo e entreguei ao meu pai, que a enfiou num saco e colocou na mala do carro. Ainda a escuto miando de arrebentar os pulmões, enquanto meu pai a levava embora, para a chácara onde sua função seria caçar ratos. Sem poder suportar aquilo, corri para o galpão, nos fundos de casa onde agora estavam os gatinhos. Coloquei-os no colo e chorei compulsivamente, e eles permaneceram estranhamente quietos.
Agora meu pai queria se desfazer dos filhotes, ia levar as lembrancinhas de minha querida amiga para longe de mim! Aquilo foi demais! Me rebelei contra aquela decisão, eu tinha que ficar com eles! Eram machos, não iam incomodar meu pai com crias e tal. A briga foi bem longa, e no final, meu pai decidiu, “-Ta, fica com um, com o mais laranja, ele vai dar grande, vai ser um bom caçador!”. Por um estranho motivo, naquela época meu pai só tomava decisões opostas as minhas! Não era o Titã que lembrava Miss Kissy em cada gesto, olhar e gracinha, era o Floco! Era ele que eu queria que fosse meu, o gatinho do mato de anel no rabo! Nova discussão, e como por milagre eu venci novamente no mesmo dia! O Floco ia ficar!
Como aquele gato era especial! Ele era ainda mais atencioso e carinhoso que a mãe! Tinha olhos tão expressivos que às vezes quase dava para ouvir sua voz, suas brincadeiras eram sempre controladas e nunca arranhava ninguém. Meigo, ele sempre queria cafuné, colo, abraço, atenção, mas nunca era pegajoso nem chato, ele simplesmente era de outro nível de gato, acima das expectativas. Meu pai se enganou com ele, o Floco cresceu muito e ficou maior do que o Titã, ele mesmo viu, além de que ele se tornou um caçador e tanto, vivia trazendo suas caças para colocar na varanda, meu pai era sempre o primeiro a vê-las, não sei porque.
Floco tinha seus hábitos, comia no galpão de manhã cedo, entrava em casa para se despedir de mim, antes de eu sair para o colégio, saía para fazer sua ronda, dar umas bandas, voltava para me receber ao meio dia e às vezes trazia um presente, normalmente algum bicho morto (coisa de gato), dormia até as quatro mais ou menos, saía de novo e ficava na rua até as dez da noite, quando eu saía na varanda e fazia meu chamado, “- FLOOOOOCOOOOOO!”, repetia umas quatro vezes, até que ele aparecia, surgindo cheio de charme do meio do mato, eu o pegava no colo e levava para dentro, ele ia ronronado faceiro nos meus braços! Pena que meu pai nunca deixou ele dormir comigo, de jeito nenhum, lugar de gato não era na cama! Bem, ele dormia, então, na sala até de manhã, quando o pai acordava e o levava para o galpão, para começar tudo de novo!
Floco era pensador, foi um dos únicos (e foi realmente apenas ele e a Miss), que eu dizia sem medo que tinha a capacidade de pensar. Estava escrito em seus olhos. Pela manhã, ao meio dia e a noite, quando nos encontrávamos, eu desabafava com ele, e ele me ouvia à moda felina, com as patas da frente dobradas, sempre com os olhos fixos nos meus. Como eu já disse, eu era uma criança solitária, criada sozinha, não conseguia me enturmar com as outras. Eu era perseguida, chamada de bicho do mato, cachorrinho, monstrinho... Então, quando cansavam disso, me deixavam isolada, eu era a estranha no ninho. Identificava-me com Floco, meu pai também o rejeitou quando pequeno por ser diferente do que ele esperava, e ainda o rejeitava. Era sobre tudo isso que eu falava com o Floco, e ele me ouvia. Por vezes eu chorava, quando as coisas ficavam muito complicadas, ele me ouvia até o fim e quando eu terminava o desabafo, às vezes aos soluços, ele sempre levantava e vinha esfregar a cabeça no meu queixo, isso sempre me fazia levantar a cabeça, o que parecia óbvio para os outros, mas para mim era mágico, só o Floco fazia.
Eu o salvei de muitas enrascadas também, como quando ele saqueou o ninho dos sabiás que meu pai tanto gostava, e eu tive que inventar uma baita mentira para explicar o sumiço dos bichos, ou quando ele passou mal na sala e eu tive que sumir com aquilo em questão de segundos antes dos meus pais verem. Quando ele brigou e quase morreu com os ferimentos, quando sumiu uma semana e voltou desnutrido e doente e tive que cuidar dele uma noite inteira, enfim, nós tínhamos uma parceria, ele me ouvia, eu o protegia.
Um dia sonhei que o Floco estava correndo sem parar, ele corria desesperadamente, mas eu não via porque, só sabia que ele estava em perigo e corria sem parar, então no sonho, ouvi uns estouros, Floco parou de correr, se acomodou sob as patas traseiras, e ficou me olhando, com aquela voz nos olhos que só ele tinha, era como se estivesse me ninando, a imagem foi sumindo devagar, como se eu adormecesse no sonho, que acabou, e eu dormi tranqüila o resto da noite.
Na manhã seguinte eu acordei como de costume e fui tomar meu café, meu pai chegou do galpão, entrou em casa e fechou a porta atrás de si, parei de tomar café na hora: “- Cadê o Floco?”, perguntei, afinal, fora aquela semana que esteve sumido, nunca tinha faltado ao meu desjejum. Mas meu pai não sabia onde o Floco estava. Ele não tinha aparecido para comer. Fui para aula normalmente, não pensei muito naquilo. Nada de ruim aconteceu comigo aquele dia, e eu voltei para casa contente, afinal, não era sempre que meu companheiro ouvia boas notícias. Mas ele não estava quando cheguei. “- Não vi o Floco a manhã toda!”, afirmou minha mãe, o pai disse o mesmo. Fiquei decepcionada, queria muito contar ao meu amigo como foi meu dia, mas ia ter que esperar até a noite. As 10, no horário de costume, sai para chamar. Chamei ele umas 20 vezes e nem sinal, fiquei preocupada, pois da outra vez que ele sumiu, voltou muito mal e eu fiquei muito triste na ocasião, a gente não gosta de ver os amigos em apuros!
Durante dez dias eu chamei, procurei e gritei por ele, sem notícias, ninguém tinha visto meu amigo. Era inverno e eu saía a noite no horário de sempre e em outros mais, às vezes na madrugada gritando seu nome, mas ele não voltava. Eu pensava comigo que pela primeira vez ia dar uma bronca no Floco, afinal, porque ele tinha que ficar tanto tempo fora? Será que ele não sabia que eu sentia falta do seu olhar fraterno e de seu carinho tão acolhedor? Sabia, ele sempre sabia, mas eu não podia me meter nos assuntos dele, ele era um gato e gatos têm seus mistérios! Durante mais uns quatro dias eu continuei chamando até meus gritos virarem soluços e meus olhos virarem lágrimas. Numa noite, minha mãe veio até mim lá na rua, onde eu ainda chamava chorando pelo meu melhor amigo. Ela pôs a mão no meu ombro e disse com a voz meio embargada, “- Chega filha, o Floco não vai mais voltar!”. Eu dei um pulo pro lado, disse gritando que ele ia voltar sim, que era só chamar mais alto, ele devia estar longe e por isso não ouvia, mas ela completou dizendo, “-Ele esta longe demais, Ali, o Floco morreu! Teu pai descobriu que o vizinho de baixo o matou uma noite! Ele não vai mais voltar.”
Lembro-me até hoje do vazio gelado que me encheu por dentro, deixei minha mãe falando sozinha e segui pelo jardim chamando, “-FLOCO, FLOCO!”, não me lembro de nada do que minha mãe disse nem de quanto tempo ainda fiquei na rua, só lembro que pensei com seriedade sobre o fato de ter cometido uma segunda traição, eu não o salvei, não fiz nada quando precisou de mim, assim como tinha sido com a Miss Kissy, e me lembro do que voltou a minha mente depois, o sonho. O Floco morreu bem naquele dia em que eu sonhei que ele corria, e de certa forma eu já sabia, só não queria aceitar de jeito nenhum. Eu fiquei doente, e quando fui para a aula depois de uns dias, me perguntaram o que eu tinha, na dor eu até esqueci as perseguições e tudo, só disse “- Meu gato morreu!” e desabei chorando! Riram da minha cara e tiraram sarro por uma eternidade por causa daquilo. As brigas pioraram e eu me isolei ainda mais, não conseguia viver sem meu Floquinho.
Com calma, minha mãe e uma professora muito querida me ajudaram a superar a morte, que pela primeira vez tinha se mostrado para mim tão cruel. Eu já não chorava mais e com o tempo parei de agir como se ele ainda estivesse lá.
Um dia, quando eu finalmente começava a me recuperar realmente, uma das minhas poucas amigas na época veio falar comigo, ela me disse “- Eu tinha um cachorro lembra? Ele também morreu. Eu não era muito chegada a ele como você era do Floco, mas minha mãe disse que ele foi para um lugar muito bonito, só para os bichos, onde eles esperam por seus donos. Eu gostei de ouvir isso, mesmo não sendo muito amiga do meu cachorro e achei que você ia gostar muito mais de ouvir!”
Aquelas palavras encerraram definitivamente meu luto, tinha 12 anos, era só uma criança e aquilo foi o suficiente para eu ver que não era o fim de tudo. A partir dali eu gostava de imaginar que o Floco estava num lugar muito legal, brincando com a mamãe dele, minha saudosa Miss Kissy, o com o irmão, Titã, e que quando eu fosse ver Deus, eu ia encontrar meu querido amigo e finalmente nós íamos conversar de verdade, nós todos, e eu nunca mais ia ter que dizer adeus!
Cada um crê naquilo que quer, afinal somos livres, e eu acredito que aquele meu gato tão lindo, com aquele olhar falante e seu jeito de vir surgindo das sobras, está lá me observando e esperando, não vendo a hora da gente bater um papinho!


Talvez alguém se pergunte por que eu iniciei o este post falando do Floco como se fosse uma pessoa. Bem, porque para mim ele era igual a uma pessoa, tão importante e complexo quanto qualquer amigo humano que eu tivesse. Da maneira como vejo as coisas, não existe muita diferença entre nós, poderosos seres humanos, e os animais que dividem esta terra conosco. O Floco era meu Irmão, e se tivesse sido um humano ao invés de um gato, eu teria sofrido o mesmo tanto. Não importa como ele era, o que importa é que ele foi meu grande amigo! ^^

quinta-feira, setembro 03, 2009

Programação para a noite de sexta! =D


Olá, amigos baladeiros! Para sexta feira teremos uma boa festa para os fãs de Hard Rock e de boa cerveja! No Eclipse, como manda a tradição, teremos a banda Breakdown tocando clássicos do Hard Rock, e a promoção de três cervejas por R$10,00 até a meia noite! O grande e espetacular circo do Rock and Roll estará armado, então, vamos todos aproveitar a oportunidade! Como eu sempre digo, nada de ficar em casa mofando!!! ;)